O voo de Paris para Joanesburgo parecia um pub. Quase ninguém dormui, incluindo eu mesma. Escoceses, mexicanos, americanos, ingleses, venezuelanos, uma penca de machos, em sua maioria, com uma só meta: Copa do Mundo. Os comissários rebolaram pedindo o tempo todo para que todos se sentassem quando o avião dava seus solavancos. Cerveja, vinho, gente vendendo ingresso e passageiros passando pelo avião com cartazes do tipo Compro ingresso pro jogo Africa do Sul x México. Comecei ali a entrar no clima da Copa. A ficha caiu.
Cheguei às 7h da manhã e as vuvuzelas com seu barulho de mosca varejeira já gritavam dentro do aeroporto lotado. Alguma confusão para conseguir um transporte, que rachei com outras duas pessoas. A cidade e os carros enfeitados, muitos sorrisos e, claro, vuvuzelas. Não precisa ter jogo, basta ter uma em mãos e pronto. Fora os fogos.
Cheguei bêbada de cansaço mas tinha que trabalhar e não podia dormir. Precisava tentar entrar no fuso, 5 horas a mais. Tomei café o dia todo. Tanto que agora são 22h30 e não consigo pregar o olho...
A primeira impressão foi ótima. Simpatia pra todo lado e sim, eles dançam no meio da rua, no supermercado, no restaurante onde trabalham. Sorrisos e mais sorrisos. Choquei!!! Não deve ser assim sempre, mas agora está assim.
Mas trabalho é trabalho. Sem conseguir raciocinar direito, alguns emails, reunião e sorrisos pra quem não merecia. Assisti à abertura da Copa pela TV em um restaurante grego (!). Não foi escolha minha, claro. Lá conferi: os brancos comem e os negros servem. Me deu mal estar. E todos os garçons com um olho na bandeja outro na TV.
Também fui a um supermercado comprar um celular - longa história - e lá um grupo de mulheres começaram a cantar e dançar para um grupo de mexicanos como quem rogasse uma praga, claro que com muito humor, mais sorrisos e mais dança. E pessoas vuvuzelando. O barulho é tanto que ou eu já fiquei surda ou já acostumei, por que não pára e me dou conta disso só às vezes.
Tô feliz! Mas preciso dormir! Reunião às 9h30!