Cada detalhe da decoração parecia mudar diariamente. Sempre uma novidade. Um abajur, um tapete ou enfeite novo ou que mudavam de um lugar para o outro com graciosidade, graças à vocação mutante da minha mãe.
Distante de tudo, tive crises existenciais na adolescência pela dificuldade de sair de casa. O ônibus 136 ou 136.1 passava de hora em hora. O primeiro seguia pela W3 até a rodoviária, o outro pela L2. Tinha também o 136.2 que ia até o final da Asa Sul, mas era raridade, devia passar a cada dois anos. Dependia da carona dos pais ou dos amigos de 18 anos que já tinham carro e boa vontade de seguir até o final do Lago Norte para me buscar e, de preferência, me levar de volta.
Fui embora uma vez, morei em Minas Gerais, não gostei e voltei. Fiquei por mais alguns anos e saí de novo para uma casa nova, marido e alguns móveis da casa antiga que me dessem conforto. Mas ela sempre estava lá. Colorida com cheiro de maresia.
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