Brasília fica por fora do circuito de shows internacionais. Não que eles não aconteçam por aqui, mas não é nada frequente. Sempre que posso vou ao Rio para assistir alguma banda que não porá os pés na capital federal nos próximos 5 anos, ou nunca o fará. A grana - sempre ela - acaba por não permitir ir a tantos shows quanto gostaria. Não apenas por ser fã, só para ir, ouvir música, dançar.
Perdi muitos este ano... mas meu grande consolo é lembrar de um show que assisti em Londres, em 2005. James Brown. Soube que ele se apresentaria na Inglaterra, quando ainda estava no Brasil e rapidinho acionei o Jack, um amigo inglês, para providenciar meu ingresso.
Já em Londres, enquanto fazia o circuito aulas-passeios-pubs, ficava especulando sobre o King of Soul. Ele estava com 73 anos e tive dúvidas quanto ao seu desempenho. No dia do show, eu e um outro amigo, o Mike, seguimos para o teatro. A fila estava grande e a expectativa aumentava. Nos separamos na entrada, pois eu havia comprado o ingresso para "pista" e ele "arquibancada" - entre aspas por que o show foi em um teatro modificado. A "pista" era na parte de baixo, com dois pubs nas laterais e uma pista grande em frente ao palco e a "arquibancada" era na parte de cima, como um mezanino com cadeiras numeradas.
Entrei e comecei a andar meio sem rumo pelo ambiente, alone. Um DJ estava no palco tocando rap e funk mas deixou a desejar. Após 40 minutos entra a banda e aí começa a brincadeira... os músicos beiravam a perfeição. Na segunda música o MC começou a provocar o público, gritando no microfone: Vocês querem James Brown? Eu não ouvi! Vocês querem James Brown? E a platéia indo ao delírio. Naquele ponto eu já havia escolhido um local estratégico para ver o show e dançar junto aos meus novos amigos, de Barbados, da África do Sul e ingleses descendentes de jamaicanos e caribenhos, que davam um show a parte no quesito swing.
Eis que surge James Brown cantando "Sex Machine", energicamente acompanhado dos perfeitos arranjos dos metais. E foi assim até a última música, uma hora e quarenta depois. Sem dúvida, foi o show mais dançante e vibrante que fui na vida. Eu pingava de suor e não conseguia controlar o sorriso escancarado. Eu e meus amiguinhos nos cumprimentávamos pelos momentos felizes que tivemos ali. E o Mr. Dynamite só não foi mais perfeito por não ter feito suas famosas aberturas com as pernas no palco que tanto esperei ver. Mas ele estava lá, com o cabelo esquisito, o sorriso do gato da Alice, a cena da capa durante a canção "Please, Please, Please", a energia enquanto dançava vigorosamente.
Na saída do teatro encontrei o Mike, também em êxtase, mas meio triste... na "arquibancada" não era permitido dançar.
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