Ouço diversas histórias sobre minha avó materna, a D. Vita. Uma delas, sempre repetidas nos almoços em família e que sempre peço para serem contadas novamente é sobre a religiosidade desta senhora, hoje, com seus 78 anos.
Segundo minha mãe e tios contam, em tom irônico, dona Vita sempre "manifestou sua mediunidade" recebendo espíritos. Meu avô Fernando acreditava piamante em seu dom. Tinha até um esquema preparado para estes momentos. Em casa ele guardava uma caixa de fósforo com uma guimba de charuto, caso precisasse "acalmar o santo".
Mas segundo a maioria dos presentes nesses momentos espíritas-familiares-insólitos, as incorporações ocorriam quase sempre quando algo incomodava minha avó, como brigas entre os filhos e, principalmente, entre ela e meu avô.
Um dia minha mãe e minha tia tiveram uma briga das feias. À noite, quando todos se preparavam para dormir ouviram um barulho na cozinha. E lá estava dona Vita, de joelhos sobre o piso de ladrilho hidráulico da cozinha e com uma cara estranha. Rapidamente meu avó saiu para pegar a guimba do charuto para oferecer à entidade e perguntou:
O que Preto Velho manda?
Preto Velho tá aborrecido, respondeu minha avó (?!).
Mas por que?, insistiu meu avô.
E sem cerimônias minha vó acaboclada respondeu: Vocês estão machucando muito meu cavalo!
Notem, cavalo é nome dado a pessoa que recebe espíritos...
Nenhum comentário:
Postar um comentário