sexta-feira, 11 de junho de 2010

Vivavuvuzela

O voo de Paris para Joanesburgo parecia um pub. Quase ninguém dormui, incluindo eu mesma. Escoceses, mexicanos, americanos, ingleses, venezuelanos, uma penca de machos, em sua maioria, com uma só meta: Copa do Mundo. Os comissários rebolaram pedindo o tempo todo para que todos se sentassem quando o avião dava seus solavancos. Cerveja, vinho, gente vendendo ingresso e passageiros passando pelo avião com cartazes do tipo Compro ingresso pro jogo Africa do Sul x México. Comecei ali a entrar no clima da Copa. A ficha caiu.

Cheguei às 7h da manhã e as vuvuzelas com seu barulho de mosca varejeira já gritavam dentro do aeroporto lotado. Alguma confusão para conseguir um transporte, que rachei com outras duas pessoas. A cidade e os carros enfeitados, muitos sorrisos e, claro, vuvuzelas. Não precisa ter jogo, basta ter uma em mãos e pronto. Fora os fogos.

Cheguei bêbada de cansaço mas tinha que trabalhar e não podia dormir. Precisava tentar entrar no fuso, 5 horas a mais. Tomei café o dia todo. Tanto que agora são 22h30 e não consigo pregar o olho...

A primeira impressão foi ótima. Simpatia pra todo lado e sim, eles dançam no meio da rua, no supermercado, no restaurante onde trabalham. Sorrisos e mais sorrisos. Choquei!!! Não deve ser assim sempre, mas agora está assim.

Mas trabalho é trabalho. Sem conseguir raciocinar direito, alguns emails, reunião e sorrisos pra quem não merecia. Assisti à abertura da Copa pela TV em um restaurante grego (!). Não foi escolha minha, claro. Lá conferi: os brancos comem e os negros servem. Me deu mal estar. E todos os garçons com um olho na bandeja outro na TV.

Também fui a um supermercado comprar um celular - longa história - e lá um grupo de mulheres começaram a cantar e dançar para um grupo de mexicanos como quem rogasse uma praga, claro que com muito humor, mais sorrisos e mais dança. E pessoas vuvuzelando. O barulho é tanto que ou eu já fiquei surda ou já acostumei, por que não pára e me dou conta disso só às vezes.

Tô feliz! Mas preciso dormir! Reunião às 9h30!

quinta-feira, 10 de junho de 2010

E começou a jornada. Saí de Brasília às 11h50 da manhã. Muitos telefonemas e mensagens de amigos desejando sorte e mais pedidos de encomendas, cada vez mais difíceis - tipo autógrafo pra filha do Kaká, do Pelé pro filho... Tomei um chá de cadeira em Garulhos, o embarque para Paris estava marcado para 19h10.

Na janelinha, como gosto, sentei ao lado de uma moça de Governador Valadares que me contou sua saga por 5 cidades mexicanas para chegar nos EUA, onde trabalhou de faxineira por 3 anos. Agora estava indo para Dublin visitar a irmã... Era boazinha até. Mas eu estava concentrada em dormir e o fiz.

Acordei para jantar fricassê de frango, arroz com milho, pudim doce de doer e uma garrafinha de vinho tinto que valeu por 3. Assisti a um filme estranho sobre um cara que inventou a mentira... Eu até gostei mas meu nível etílico não garantia minha capacidade de dissernimento. Percebi que não ia voltar a dormir. Um dramin e voilà! Acordei para o café da manhã, faltando apenas 1h30 para o pouso.

Depois de me perder dentro do aeroporto, pedir informações com um mix sinistro de inglês e francês, consegui sair e peguei um táxi para o hotel onde me encontro agora. Dia chuvoso e frio. Com a graça de Maria Padilha, o taxista falava inglês e era engraçado. Tirando meia dúzia, sempre tive sorte no quesito "quero ser bem tratada pelos taxistas". E São Paulo e Paris estão na minha lista negra.

Concentração para mais 12 horas de viagem até Joanesburgo. Chego lá às 6h da matina e ontem me deram a boa notícia de que vou ter que me virar para chegar até o hotel. Cancelaram o transporte que até então estava garantido... e com todos os milhões de boatos que ouvi sobre a África do Sul, estou realmente com medo. Ai!