17h30
Assim que me acomodo na poltrona pequenina do avião recebo um telefonema. Não reconheci o número, mas o código 94 me fez pensar que era do Amazonas. Uma voz feminina do outro lado iniciou a estranha conversa, logo após meu alô.
Quem tá falando?
Em tempos de violência até via telefone, respondi: Quer falar com quem, por favor?
Ela insistiu mais algumas vezes pra saber quem eu era, mas me mantive firme.
Quero falar com o Gilvan.
Quem?
É isso mesmo, o Gilvan. Seu telefone está gravado no celular do meu marido!
O que minha filha? E eu lá sei quem é teu marido?
Como quem? É o Gilvan oras!!!
Desligo.
17h45
Ainda no avião, antes da decolagem. A comissária de bordo anuncia com sua voz anasalada:
Por favor, Flavia Carrijo apresente-se acionando o botão de chamado dos comissários.
Com cara de criança que não tem idéia do que fez, aperto o botão. Um dos comissários sorridentes aparece com sua cestinha de balinhas e diz: Você é a Flavia Carrijo?
Sim, sou eu.
Sem mudar o sorriso responde como se fosse a coisa mais natural do mundo: Só queríamos saber se você estava à bordo.
Tô, obrigada.
Eu heim!?